sábado, agosto 28, 2004

Mais

Hoje sou um poço de coragem
Amanhã é uma nova viagem
Neste mundo cada vez mais distante
Onde há quem chore e quem cante
Pela sua vida ter sido uma razia
Ou talvez ter salto a fasquia
Do sucesso ou ousadia

Terras de ténue fronteira
Como rir e estar apaixonado
Ser um riso amaldiçoado

Que baloiça em olhos castos
Caindo em pensamentos nefastos
Deita em lágrimas a alma
Beijo-a chamando pela calma

Que troça e foge de mim
Pelo que sou e ter coragem do ser assim

sexta-feira, agosto 27, 2004

Voltar a casa

Vou voltar para casa
Ler o mapa que me leva ao coração
Vou fugir da terra da incerteza
Que se torna em cada dia uma prisão

Vou dar de beber a alma
Que de perdida esquecia-se de estar sedenta
Dilui-te no néctar da calma
Mata a sede e mais alimenta

Vou voltar aos tempos que já não voltam
Viver o que já não posso viver
Não recordo de forma alguma o passado
Sim, ter uma razão para crescer

Vou ouvir a minha voz
Mais alto do que qualquer outro som
Ignorar toda a melodia atroz
Que não afine com este meu tom

Vou mais que tudo olhar em frente
Sentir o que deveras se sente
De volta ao meu coração
Onde a incerteza é uma ilusão

terça-feira, agosto 24, 2004

Oceano existencial

Longo oceano distante é a vida
Desejada aventura que termina perdida
Numa costa abrupta e rochosa
Outrora praia doce e arenosa

Onde as ondas agora se enfurecem
Por ver que as forças da natureza perecem
Ao viajante incansável que é o tempo
Que tem a razão de cada momento

Neste longo oceano distante....

Dando por vezes a sensação de deriva
Esquecendo-se que a esperança se mantêm viva
Nestas águas que o importante não é mudar
Sim continua-lo a ser e novamente criar

domingo, agosto 22, 2004

Biografia 19

Eu sou o que sou
Eu sei o que sou

Antes de o ser, já o era
Pelas ideias, pelos actos
Pelas razões, pelos factos
Por criar e não fazer
Estar cego e no entanto ver
A grandeza do que é pequeno
A pequenez do que é grande

Nasce-se pequeno, morre-se grande
Pelo meio a estupidez se expande
De baixo para cima
Da direita para esquerda
Como um livro que se abre
Sem conter uma única letra
Devoradas pelos meus olhos
Por os outros também
Os intelectuais que usam óculos
Para pensarmos que vêem bem

Ao lerem os sonhos dos que sonham
Tornando-os assim mais pequenos
Sem qualquer tipo de grandeza

Grande adversidade, pequena certeza
Porque assim não o sou
E talvez não o seja....

quinta-feira, agosto 19, 2004

Poesia

As aves são os olhos do poeta

Voa no céu do Olimpo
Vislumbra o vale da fantasia
Sobre o pedestal imaculado
Leva nas suas asas o sonho
Preso ao brilho das estrelas
Que esquece e não sente
A doce dor da alma
Jamais enganada pelo ouro dos loucos

Pois é tempo de conhecer o tempo
Rasga a canção de embalar
Traulitada pelas areias ilusórias

Desperta! E vê
Olha o céu de olhos fechados
Como quem com eles abertos não vê

quarta-feira, agosto 18, 2004

Fernando Pessoa

Pessoa....quem és tu Pessoa?
De onde vens........
Sentado aqui
Tão longe de ti

Escreves o quê pessoa?
Envolvido na capa negra
Olhos que alumiam
O teu mundo de solidão

Porque tremes pessoa?
Ai pela pena, felicidade
Cores do arco íris
O sorriso duma criança

Onde vais Pessoa?
Espera, amiga sombra
Agora sei.....
« Não evoluo, viajo »

segunda-feira, agosto 16, 2004

Epopeia do pescador

Na calada da noite
Vão os pescadores para o mar
Com as suas redes
Os filhos para ensinar

Ouve-se o respirar profundo da ondas
Sentido pelo receio dos homens
A brisa embala o Adamastor
Deitado nos rochedos monstruosos

Vai saga da tradição!
Na tua faina pescador!
A família ficou na costa
Procurando tu rotas para terra

Contas as tuas peregrinações
Pelo paraíso dos homens
Viste a mãe natureza
Atear fogo aos céus

Na euforia desmedida
Despertas os imperadores da história
Continuas violentamente a remar
Pelas águas escuras e temerosas

Por fim
Naufragaste na abundância
Já não havia para pescar
Voltas a casa desiludido
Cheio de histórias para contar

domingo, agosto 15, 2004

Palavra

Pecado da ilusão
Muitas acompanhadas pela solidão
Vivem nos braços da sedução
Esvoaçam como penas no coração

São escritas no papel frio
Velhas amigas do desafio
Pintam os sonhos que crio
Dando um nome ao que é vazio

É a melodia harmoniosa
Bela por ser silenciosa
Senhora sempre gloriosa
Heroína da causa vitoriosa

domingo, agosto 01, 2004

Outono da vida

Chegou a negra Primavera
Pequena folha
És pálida e seca
Na mão do tempo

Temes a brisa da solidão
Sabes que vais partir pequena folha
Repousas nos braços da tua mãe
Tirando proveito da sorte

Acordas inquieta e dura
Caída no chão pequena folha
Rodopias com as tuas irmãs
Com saudade da verdura
Pequena folha...........

Seguem as palavras...

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